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O cristão e as bebidas alcóolicas

João 2:1-11

 

O Cristão e as bebidas alcóolicas

 

 

Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool também é considerado uma droga psicotrópica (que age na mente), pois ele atua no sistema nervoso central, provocando uma mudança no comportamento de quem o consome, além de ter potencial para desenvolver dependência.

 

De acordo com o centro de informações sobre saúde e álcool (CISA),o consumo de álcool está ligado a diversas conseqüências para o indivíduo que o consome, para aqueles que estão à sua volta e para a sociedade como um todo. Conseqüências como acidentes de trânsito, problemas no trabalho e com a família. O impacto que o uso de álcool estabelece nas redes sociais como um todo é fruto tanto do prejuízo que essa temática causa na produtividade econômica quanto da atenção e dos recursos gastos pela justiça criminal, pelo sistema de saúde e por outras instituições sociais.

 

Será que a Bíblia endossa o uso de bebidas alcoólicas?

 

Alguns teólogos tem advogado o uso moderado de certas bebidas alcóolicas com base em citações bíblicas relacionadas ao uso do vinho. Porem antes de se fazer tal afirmação com base em tais citações bíblicas, deve-se considerar o seguinte:

 

Palavras hebraicas usadas para vinho

 

1 – Yayin – Usada 141 vezes no AT, podendo referir-se tanto ao suco de uva fermentado que embriaga (Gn. 9:20,21), ou ao suco fresco da uva espremida (Isaías 16:10 “pisarás as uvas”=yayin). A enciclopédia judaica (1901) afirma que o vinho fresco antes da fermentação era chamado “yayin-mi-gat” (vinho de tonel).

 

2 – Tirosh – Usada 38 vezes no AT significa vinho fresco ou novo. Esta palavra nunca é usada para se referir à bebida fermentada. Tirosh tem benção nele (Isaías 65:8), enquanto que o vinho fermentado é escarnecedor e causa embriaguez, (Pv. 20:1; 23:31).

 

3 – Shekar – Usada 23 vezes no AT é geralmente traduzida por bebida forte (1 Samuel 1:15), e refere-se a uma bebida talvez feita de suco de fruto da Palmeira, romã, maçã ou tâmara. Ocasionalmente shekar pode se referir a um suco doce não fermentado, determinado pelo contexto.

 

Palavra grega referente a vinho

 

Diferente do hebraico, temos apenas uma palavra no grego para vinho, “oinos” que é equivalente de “yayin”,pode referir-se ao vinho fermentado ou não, sendo determinado pelo contexto. Autores seculares como o poeta grego Anacreontes escreveram: “Esprema a uva, deixe sair o vinho”, (oinos).

 

Conservação do vinho sem fermentação

 

Havia vários processos para se evitar a fermentação do suco de uva, conservando-o fresco por até um ano. Columela, amigo do filósofo romano Sêneca, dedicou-se à agricultura e afirmou que o suco de uva não fermentada quando mantido abaixo de 10 graus C e livre de oxigênio. Para isso o suco deveria ser colocado num vasilhame novo revestindo de piche, e mergulhado totalmente numa cisterna ou tanque de água fria, deixando repousar por 40 dias. Assim o vinho duraria um ano livre de fermentação.

 

O uso do vinho no contexto judaico do NT

 

1) Era comum desidratar as uvas, borrifá-las com azeite para mantê-las úmidas e guardá-las em jarras de cerâmica (Enciclopédia Bíblica Ilustrada de Zondervan, V.882, Columella,Sobre a Agricultura 12.44.1-8). Em qualquer ocasião, podia-se fazer uma bebida muito doce de uvas assim conservadas. Punha-se-lhes água e deixava-as de molho na fervura. Políbio afirmou que as mulheres romanas podiam beber desse tipo de refresco de uva, mas que eram proibidas de beber vinho fermentado(ver Políbio, Fragmentos, 6.4; cf. Plínio, História Natural, 14.11.81).

 


2) Também era possível ferver o suco de uva fresco até se tornar em pasta ou xarope grosso (mel de uvas); este processo deixava-o em condições de ser armazenado, ficando isento de qualquer propriedade inebriante por causa da alta concentração de açúcar, e conservava a sua doçura (ver Columella,Sobra a Agricultura, 12.19.1-6; 20.1-8; Plínio, História Natural, 14.11.80). Essa pasta ficava armazenada em jarras grandes ou odres. Podia ser usada como geléia para passar no pão, ou dissolvida em água para voltar ao estado de suco de uva (Enciclopédia Bíblica Ilustrada de Zondervan, V. 882-884).

 


3) A água, portanto, pode ser adicionada a uvas desidratadas, ao xarope de uvas e ao vinho fermentado. Autores gregos e romanos citavam várias proporções de mistura adotadas. Homero (Odisséia, IX 208ss) menciona uma proporção de vinte partes de água para uma parte de vinho. Plutarco (Symposíacas, III.ix) declara: “Chamamos vinho diluído, embora o maior componente seja a água”. Plínio (História Natural, XIV.6.54) menciona uma proporção de oito partes de água para uma de vinho.

 


4) Entre os judeus dos templos bíblicos, os costumes sociais e religiosos não permitiam o uso do vinho puro, fermentado ou não. O Talmude (uma obra judaica que trata das tradições do judaísmo entre 200 a.C. e 200 d.C.) fala, em vários trechos, da mistura de água com vinho (e.g., Shabbath 77ª;Pesahim 1086). Certos rabinos insistiam que, se o vinho fermentado não fosse misturado com três partes de água, não podia ser abençoado e contaminaria quem o bebesse. Outros rabinos exigiam dez partes de água no vinho fermentado para poder ser consumido.

 

Conclusão

 

Em contraste com a posição exposta a seguir, alguns acreditam que, tanto o vinho fornecido nesse casamento, como o vinho feito por Jesus eram embriagantes, se aceita esta tese, as implicações  disto dadas a seguir, devem ser reconhecidas e também aceitas:

 

1º Os convidados provavelmente já estariam todos bêbados;

 

2º Jesus estaria produzindo cerca de 600 a 900 (v3) litros de bebida embriagante, mais do suficiente para manter todos os convidados bêbados;

 

3º Jesus estaria produzindo esse vinho embriagante como seu primeiríssimo milagre a fim de manifestar a sua glória (v11) levando pessoas a crerem n’Ele como o Filho justo e santo de Deus;

 

4º Os especialistas em defeitos congênitos citam evidencias comprovadas de que o mesmo o consumo moderado de álcool danifica o sistema reprodutivo das mulheres, provocando abortos, e nascimento de bebês com defeitos mentais e físicos incuráveis. Autoridades em embriologia precoce afirmam que as mulheres que bebem até mesmo doses moderadas de álcool próximo ao tempo da concepção (48h), podem lesar os cromossomos de um óvulo em fase de liberação, e daícausar sérios distúrbios no desenvolvimento mental e físico do nenê. Afirmar que Jesus mesmo sabendo dos danos em potencial e dos resultados deformadores do álcool, mesmo assim, promoveu seu uso, é lançar dúvidas sobre a bondade, compaixão e Seu amor. A única conclusão bíblica e teológica plausível é que o vinho multiplicado por Jesus não era fermentado, a fim de manifestar a Sua glória.

 

Em suma, alegar que Jesus produziu e usou vinho embriagante ultrapassa os limites das normas hermenêuticas levando a um conflito com os princípios morais embutidos no contexto geral das Escrituras.

 

 

Pesquisado e adaptado da Bíblia de Estudo Pentecostal por:

Pastor Patrick